O dia da hora-Ascensão

É uma tradição cara às gentes da terra por todo o país e em particular para os algarvios do interior campestre, tanto mais que a tradição do dia da hora apenas se reaviverá daqui a outros tantos vinte e tais anos, se assim se confirma o ciclo.

Pois rezam os usos e costumes cristãos relativos ao dia da Ascensão e que este ano fará coincidir o dia da hora com a 5ª feira da espiga, celebrando a elevação de Cristo aos céus.

Reparando parcos registos que hoje se fazem destas tradições religiosas, relembrados aqui e ali com iniciativas culturais e de relevo para este património das gentes algarvias, este é mais um evento a evidenciar este ano.

Resumidamente, à hora da efeméride cristã, a acertar pelo meio da manhã em causa, o repouso será sagrado em respeito pela santidade e transcendência do momento de elevação de Cristo aos céus.

Rezam as tradições populares, ameaçando os incumpridores de tal paragem na sua vida em dia tão solene, rezando em tercenas e quadras populares:

"Da Páscoa à Ascensão, quarenta dias vão.
5ª-feira de Ascensão, seca-se a raíz ao pão.
No dia da Ascenção, não ponhas o pé no chão".

"Se os passarinhos soubessem
Quando era a Ascenção
Não comiam, nem bebiam
Nem punham os pés no chão".

Esta representava a hora de Nosso Senhor subir ao céu, aqui celebrada das dez às onze horas da manhã, durante a qual não se podia fazer absolutamente nada, pois que "até as folhas das oliveiras se punham em cruz".

Era o momento em que, de uma maneira muito especial, se manifestariam os poderes sagrados.

Como símbolo da subida, "deitavam-se, então, na igreja, as andorinhas apanhadas de véspera pelos rapazes e cujas patitas ou caudas haviam sido enfeitadas com laços cor-de-rosa".